"No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração. "

Rabindranath Tagore








domingo, 30 de setembro de 2012






"Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro. Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro.

 E estar dentro daquilo era bom."



Caio Fernando de Abreu












"Não importa quanto tempo demora, Meu auto-percurso me (e)levou a minha excursão interior ao longo dos sonhos. Tive a dádiva de aprender-me na minha totalidade. Eu, pelas andanças no meu dentro, já estava em dívida de encontrar-me com todos os exageros e vazios represados e dar vez (e voz) a tanta existência contida. Passei tanto tempo tateando meus instintos, mapeando cada canto interior de forma inconsciente e buscando ser em mim - com todas as curvas - a maior e mais plena moradia.

Minha idade sempre foi um dado indiferente. Percebi que precisei de mim tantas vezes e tinha mania de não me achar. E só ai me dei conta desse punhado de sol guardado, de tanto sonho empoeirado, de manhãs adormecidas e tardes que esticavam o dia pregando uma peça na noite, dando ao anoitecer um degrade longo para atrasar um amanhecer manso. Me aprendi na metamorfose insistente do voo da vida e me descubro a cada novo dia, reaprendendo muitas vezes os mesmos passos já dados. Descobri que amoleço tanto se alguém se demora mais um pouco em mim, que nas linhas da minha historia sempre tem mais espaço do que pontuação, que falo muito nas entrelinhas através da minha intuição e que me reconstruo com um certa facilidade de cicatrização. Porém, em tantas vezes desmorono por completo tornando meu norte embaçado, incerto, abstrato.

 Descobri que tiro retrato com a memória, que um café com bolo quente num dia de sentimento chuvoso somados a um sorriso macio são pequenos momentos de glória, que meu peito guarda uma vitória silenciosa somente pelo fato de sentir uma brisa-abrigo em um abraço amigo, que trago recordações que me fazem carinho e, vez em quando as abro em meu cantinho secreto como quem abre uma caixinha de música. E minha bailarina interior sempre dança. E sorri. Meus olhos dançam, minha imaginação dança gesticulando pra minha fé de forma positiva. Me transformo numa oração intuitiva e danço pensamentos aconchegantes. Bom é poder extravasar todo meu dentro pra dentro de novo, reciclando minha criança pra fora. Gostar dessa forma seria de levar as coisas com leveza, sem apressar o tempo ou atrasar a natureza da hora. 

Não importa o quanto leve... Sou menina, sou sem(hora) de chegar em mim a cada dia amanhecido. E agradeço ao milagre de ter vivido para contemplar meu pôr-do-sol interno, que carrega todas as cores do meu sorriso. E essa é uma paisagem que diariamente nasce com uma cor diferente. É uma paisagem onde só eu moro."



Da lindeza da Lilian Vereza




sexta-feira, 28 de setembro de 2012










"a menina passarinhava
as linhas do tempo
sem lembrar que 

o vento
às vezes 
baila 
distâncias 
intransponíveis 
em rede- moinhos... 



voa, menina 
rodopia em arabesque 

[ sem medo das pautas! ] 

 plié 
demiplié 
degagé 


baila as ventanias 

pirueta alegrias 
e esquece 
esse mundo 
detourné 
onde 
amar é 
só um verbo 

ab.surdo 
mudo 

[ soutenu, tendu! ] 


 cliché "




Lilly Falcão, in 'Arabesque-se' 



Cúmplices by Mafalda Veiga on Grooveshark


quarta-feira, 26 de setembro de 2012










"Pode ser mais um capricho, pode ser uma paixão, pode ser coisa de bicho, pode não. Pode ser já por destino, pelos astros, pelos signos por uma marca, uma estrela, talvez já estivesse escrito na palma da minha mão. Talvez não. Talvez até nem fique nem signifique nada, nem me arranhe o coração. Pode ser só uma cisma, pode estar só de passagem. Ou não."



Bruna Lombardi



terça-feira, 25 de setembro de 2012






"E é tão bonito quando a gente entende
Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá
E é tão bonito quando a gente sente
Que nunca está sozinho por mais que pense estar

É tão bonito quando a gente pisa firme
Nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos
É tão bonito quando a gente vai à vida
Nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração."



Gonzaguinha

segunda-feira, 24 de setembro de 2012






"Quantas vezes a gente, em busca da ventura, 
Procede tal qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda  parte, os óculos procura,
tendo-os na ponta do nariz!"



Mário Quintana





"(Sus)penso em passos de (mu)dança." 



Marla de Queiroz










"Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: 
não deixes que a vida passe em branco,
e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades."




 Vinícius de Moraes






"Não, não é pecado apostar na alegria."



Vanessa Leonardi


quinta-feira, 20 de setembro de 2012








"Não se acostume com o que não o faz feliz, 
revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!"




Fernando Pessoa



quarta-feira, 19 de setembro de 2012





"Mas era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artificio conseguimos suportar o passado."



Gabriel García Márquez



terça-feira, 18 de setembro de 2012






"Ainda que te possa parecer estranha a comparação,
 os gestos, para mim, são mais do que gestos,
 são como desenhos feitos pelo corpo de um no corpo de outro."


José Saramago




segunda-feira, 17 de setembro de 2012






"- Madeleine Wallace: Eu tenho que lhe dizer. Você acredita em milagres?
- Amélie: Não hoje, não."



O Fabuloso Destino de Amélie Poulain


Pois é!







"Quantas pessoas te conhecem de verdade? Pra quem você se abre?
 De quem você não tem medo? Que pessoa você tem certeza que quer o seu bem? 
Quem realmente não sente desconforto ao ver sua felicidade?
 Quem não ficou magoado por bobagem? Quem sabe reconhecer quando erra?
 Quem nunca te deixou na mão? Quem assume quando pisa na bola e pede desculpa? 
Com quem você discute, mas depois fica tudo bem? Quem entende o seu jeito?
 Quem aceita seus defeitos? Quem não fala mal de você para os outros amigos?
Quem vibra com seu sucesso profissional?
 Quem deseja realmente toda felicidade do mundo no seu relacionamento?
 Quem? Por favor, me diga quantos, quantas. 
Quem valoriza o que você faz? Quem é grato pelo que você fez?
 A ingratidão em qualquer relação é coisa muito feia, principalmente em amizade.


É bom a gente pensar de vez em quando sobre isso. Analisar as relações, as pessoas, rever as amizades. (...) Falo de algo mais profundo, que conecta as pessoas, que une e não separa por nenhuma força. Falo de um sentimento genuíno, de amor, de gratidão, de respeito, de carinho, de amizade. Muita gente fala que fulano é amigo, mas não sabe o significado disso. Ser amigo é chorar o teu choro e rir, com o coração, o teu riso. E isso é coisa rara hoje em dia."


Clarissa Corrêa








‎"Sigo à risca. Me descuido e vou… Quebro a cara. 
Quebro o coração. Tropeço em mim. Me atolo nos cinco sentidos. 
Viver não é perigoso? Então, com sua licença! 
Não tenho medo. Nasci assim. Encantado pela vida. O sertão é dentro da gente.
Ah, como não? Aqui tudo é achado. Somos ferro e fogo. Perigo nunca falta! 
Sertão é igual coração. Se quiser, que venha armado! 
Tudo é igual. Aqui se vive. Aqui se morre. 
Dentro e fora da gente. 
Confusão demais em grande demasiado sossego."



Guimarães Rosa


Só consegue ser gentil quem não espera nada em troca.






"Ela falava de sonhos sem medo de parecer ridícula. Gostava da leveza descompromissada de vez ou outra marcar encontro com seu livro favorito. Colecionava filmes água com açúcar sem se preocupar com o que achavam do seu intelecto. Enquanto todos buscavam o dourado do sol, ela comemorava o cheiro da chuva perfumando a casa. Afinal,era feita de barro, podia ser moldada de acordo com os dias e se o resultado não fosse o esperado, se deixava quebrar e se refazia.

Redescobriu novos sabores nas palavras: tranquilidade, equilíbrio, alegria, palavras conhecidas que agora eram degustadas, lambuzadas, vividas. Descobriu com tristeza pessoas vazias. Não sabia se existia culpa, apenas identificou uma necessidade urgente de atenção, cuidado, tempo. Pois é, a gente precisa dedicar um pouco mais tempo pra um sorriso, um abraço, um conte comigo. Pessoas ficam amargas porque ficam por muito tempo sem experimentar o doce sabor da palavra gentileza. Só consegue ser gentil quem não espera nada em troca."



Renata Fagundes




domingo, 16 de setembro de 2012






"A memória guardará o que valer a pena.
 A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo." 



Eduardo Galeano



sábado, 15 de setembro de 2012






"Há gente que, em vez de destruir, constrói;
 em lugar de invejar, presenteia; 
em vez de envenenar, embeleza; 
em lugar de dilacerar, reúne e agrega."


Revista Veja, 26 de janeiro de 2005
Lya Luft



Hoje é o aniversário de 74 anos desta escritora maravilhosa.


sexta-feira, 14 de setembro de 2012








"Que os meus instantes de egoísmo se desmanchem cada vez mais rápido. Que as minhas expectativas não sejam maiores do que a intenção de que o outro esteja tranquilo. Que a paz que ele possa experimentar seja sempre um perfume que acenda a minha alegria. Que o seu conforto seja também um motivo que continue inspirando os meus gestos mais doces e amigos. Que nenhum gesto meu aperte o seu coração, intimide o seu riso, acorde o seu medo, machuque a sua espontaneidade. Que as minhas vontades pequenas sejam dissipadas pela lembrança do quanto a sua felicidade me importa. Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras. É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos. Que ele entenda que eu não me desapontarei com a sua humanidade, com as suas dificuldades, com os seus territórios feridos, como, com o mesmo acolhimento, não me desaponto com os meus. Que tenha certeza de que eu quero muito que seja livre, saudável, contente; que seja. Que tudo aquilo que o preocupa, o desassossega, o faz sofrer, seja logo transformado, assim como tudo o que o torna feliz seja mais e mais abençoado. Que alcance toda expansão que busca, todo voo que vislumbra, e possa sempre se lembrar de que é capaz de vencer os mais assustadores e impermanentes limites. Que quando todo dia acordar e deitar pra dormir, ele ouça eu dizer o seu nome baixinho nas minhas preces, e sorria por isso daquele jeito bonito. Que, não importa o tamanho da distância, nunca esqueça que o fato de existir mudou pra sempre a minha vida e que o mundo me pareceu muito mais bacana depois que descobri que existia. Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se. Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é. Que tenha paz. Que tenha paz. Que tenha paz. Ah, é claro, que tenha paz e acesso à alegria mais sincera também."


Ana Jácomo


Fistful Of Love by Antony and the Johnsons on Grooveshark





‎"O fato resumindo é que o amor não era mais aquele estardalhaço. O amor era suave e tinha um jeito de penetrar sem invadir, de libertar no abraço. O amor não era mais aquela insônia, mas sonho bom na entrega ao desconhecido. O amor não era mais a iminência de um conflito, mas uma confiança na vida. E, pela primeira vez, o amor não carregava resquícios de abandono, pois havia descoberto: o amor estava ali porque ambos estavam prontos.

O Tempo estava certo."



Marla de Queiroz










"Removendo a poeira no canto dos sonhos para devolver o encanto ao coração..."



Li Vereza




quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Amálgama






"No dia-a-dia do seu diário, ela escrevia suas histórias e diariamente ela mentia sobre coisas que apenas ela mesma sabia ser verdade ou mentira... Às vezes inventava verdades improváveis que mais pareciam mentiras realistas... E assim era a menina que brincava com a verdade por não suportar as mentiras...
No dia-a-dia do seu diário, diariamente ela mente sobre coisa que sabe ou pensa saber... Ela acha que amar nada mais é que gostar, e não sente que sentir amor é desejar também... Nos seus contos já se apaixonou por Reis, Menestréis, cantores e coronéis... Na realidade já abateu o coração de homens tolos e que bobos não souberam como entender, que por detrás daquela mulher de mil surpresas, estava a mais pura e simples menina, querendo amar e mostrar sua beleza...
No dia-a-dia da sua escrita ela percebe apavorada que não pode acomodar o incomodo desejo de querer alguém que não te quer... Ela engole seu pranto deixa a menina de lado e se mostra mulher... Coloca o preto das letras no branco do papel, escreve ali sua vida, sua história, e revira a aventura vivida em que transformou o amor em um copo de cólera... Mas tudo tem uma causa e um efeito, e se torna um amálgama de coisas distorcidas de realidade e fantasia... E esperando ao relento o abrigo que o tempo pode lhe dar, ela se vê sem tempo para esperar a proteção para o vento que só faz assolar... E pensa: Isso é o amor, Assim é o amar!... E sonha acordada em ver o dia em que a estrela do céu tocará a estrela do mar...

No dia-a-dia suas letras liquidas contam do amor distante que se faz tão perto que ao cerrar os olhos podem se tocar, e sente o cheiro forte do perfume do seu corpo aprisionado em um frasco âmbar... Ela sabe o que é amar, só não quer acreditar...

As letras tocadas no seu violão sem cordas emitem os sons que seguem o compasso das batidas do seu peito, são toques de uma melodia cantada em um silêncio que fala direto ao coração... Ela aprendeu ver o mundo com os olhos da alma, e enxergar as coisas no balé das chamas e vê os hologramas muito além da sinuosidade das sombras...

No dia-a-dia da sua vida ela corre em passos compassados que se atropelam no meio do caminho e se perdem no labirinto tortuoso da sua vida tranqüila... Ela se morre por dentro com a saudade do amor, mas renasce todas as manhãs para que possa morrer de novo..."

Celso Leal




Silent Lucidity by Queensrÿche on Grooveshark







"Não tente possuir a vida — isso é o que o ego tenta fazer.
Não tente agarrá-la, permita ser possuído por ela. 
Seja subjugado por ela, seja inundado por ela.
 E você saberá tão profundamente que nunca poderá dizer "eu sei". 
Você saberá tão intimamente que não poderá reduzi-la a conhecimento.
 Apenas coisas superficiais podem ser reduzidas a conhecimento. 
Quanto mais profunda é uma verdade, mais difícil é reduzi-la a conhecimento.
O conhecimento parece tão pálido, e a verdade está tão viva.
O conhecimento é descorado, insensível, e a verdade é a batida do coração,
a circulação do sangue, a respiração do ar, o amor, a dança."



Osho


_/\_








‎"Como diria Cartola, o mundo é um moinho.
 Mas a gente escolhe se quer ser grão ou vento."



Flávia Queiroz




terça-feira, 11 de setembro de 2012





"Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia

-Eu disse: X."



Chico Buarque - A História de Lily Braun













‎"Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso."




Clarice Lispector




Dream of Flying by Brian Crain on Grooveshark

segunda-feira, 10 de setembro de 2012







"Por algum tempo, ela segurou a lanterna. Iluminava o caminho e o deixava seguro durante a viagem. De vez em quando ele sumia, como criança ao se distrair com algum barulho no meio da estrada. Depois a alcançava de novo – não se sabe se em busca dela ou da lanterna. Até que, num determinado momento, ele ficou para trás. Quando não ouviu mais sua voz, nem os seus passos, ela apontou a lanterna acesa para todas as direções. Procurou, gritou por ele. Nada. Sentou-se à beira da estrada e chorou. Desligou a lanterna e ouviu o silêncio gritando, as cores do escuro cegando seu pensamento. E adormeceu, exausta. Quando acordou, já era dia. A estrada parecia diferente. Talvez outra. E de que adiantava a lanterna se ela não sabia mais para onde seguir? Ela ainda pensava sobre isso quando o avistou de novo. Sentiu seu coração batendo mudo. Não tinha o que dizer, nem para onde apontar. É outra a estrada. E ela já não sabe mais como guiá-lo. Ela mesma precisa aprender o caminho de novo."


Cris Guerra





Lost And Found by Kim Taylor on Grooveshark