"No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração. "

Rabindranath Tagore








domingo, 29 de março de 2015






Eu sei como você está se sentindo. Comecei escrevendo isso, mas a verdade é que não sei. Então, me corrijo: não sei como você está se sentindo. Mas imagino. Suponho. Uso meu conhecimento sobre você, minha própria experiência, experiências alheias que acompanhei. Por isso quando te ouço dizendo que era melhor que ele tivesse morrido, eu entendo como um apelo por um final. Uma separação é como uma morte, dizem, eu digo, mas quando o ex-amor continua vivo, dentro e fora da gente, é pior do que ser assombrada. Não há fantasma mais assustador do que o de um amor passado.
Então, imaginando que tenho alguma ideia do que você está sentindo, o que eu te digo é: vai passar. Diferente da morte, vai passar. As lembranças vão ficar esmaecidas, retratos apagados de polaroids que hoje em dia já não se usa mais. Não dá pra deletar de uma hora pra outra, mas chega um momento que novas experiências vão se fazendo mais importantes, mesmo as tristes, principalmente as tristes. Afinal, como diz a minha mãe, Estar sofrendo por um é sinal de que já esqueceu o outro. Um viva pra sabedoria materna.
Não sei o que te dizer além disso. Cada um lida com a perda de um jeito, não há fórmula pronta. Só você pode saber o que é melhor pra você. O máximo que posso fazer, e farei, é estar ao seu lado enquanto você descobre. E torcer para que você não perca nunca a capacidade de dizer, e de acreditar quando ouvir, Eu te amo até a morte. Porque sempre amamos até a morte. Só que às vezes a morte que chega primeiro é a do próprio amor.

Carina Destempero




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